Estamos vivendo uma tendência constante de inovação tecnológica. Todas as atividades que realizamos estão se tornando cada vez mais digitais, beneficiando-se da aplicação do conceito de Internet das Coisas (IoT) e da conectividade por ele proporcionada. As startups – empresas recém-formadas que têm o empreendedorismo e a tecnologia vinculados ao seu DNA – vêm dominando uma parcela cada vez maior do mercado global e acelerando esse processo de inovação do mercado. Entre elas estão as fintechs, novos negócios que estão revolucionando o sistema financeiro.

As empresas focadas na área de financial technology oferecem serviços para gestão financeira, ajudando os usuários a melhor administrarem suas economias e identificar cobranças abusivas pelas instituições financeiras. As startups também desenvolvem soluções para auxiliar no controle gastos e na programação de diferentes pagamentos em uma única plataforma, garantindo a segurança de pagamentos online e facilitando transações internacionais. As empresas também trabalham para fornecer novos meios para a realização de pagamentos com cartão de crédito, mais acessíveis para pequenos negócios que agora podem usar aparelhos acoplados ao celular; facilitar a concessão de crédito ; oferecer serviços de consultoria sobre o mercado financeiro e investimentos e também difundir o uso de moedas digitais.

Todos esses serviços buscam desburocratizar o sistema financeiro e obter cada vez mais aderência da geração Y, jovens nascidos a partir da década de 80, que hoje vivem, literalmente, conectados, e buscam novos tipos de serviços digitais e plataformas de interação online. Neste novo cenário, esse público tem à sua disposição novas formas de lidar com a vida financeira e pode resolver praticamente tudo de forma rápida e fácil por meio de aplicativos para smartphones.

Toda essa revolução já representa um desafio para as instituições financeiras tradicionais, que viram na tecnologia uma oportunidade e estão firmando parcerias ou, até mesmo, comprando essas startups, que já são um grande sucesso no mercado. Para se ter uma ideia, algumas delas já se tornaram “unicórnios” – startups que em pouco tempo já valem mais de US$ 1 bilhão.

Segundo pesquisas recentes da Accenture, o mercado de fintechs triplicou de 2013 para 2014, quando foram investidos US$ 12,2 bilhões. A previsão é que no futuro 32% do lucro das instituições financeiras sejam transferidos para essas empresas.

O MaRS Discovery District, hub que apoia o crescimento de novas empresas na província de Ontário, no Canadá, identificou a força do segmento e recentemente criou uma área dedicada a ele, o Financial Technology Cluster, com o objetivo de oferecer recursos e facilidades para apoiar startups com esse foco de ação, consolidando-as no mercado e aumentando sua competitividade. Nessa região já surgiram também duas fintechs que podem ser usadas como grandes exemplos de sucesso. O Shopify, fundado em 2006, em 2014 já valia mais de C$ 1 bilhão. A empresa oferece para comerciantes plataformas de e-commerce de diferentes tipos, para atender as demandas específicas de seus negócios, e já tem mais de 175 mil clientes. O Financeit, empresa que apoia pequenos e médios negócios a oferecem melhores condições de pagamento para seus consumidores, é outro bom exemplo do empreendedorismo de Ontário no setor.

No mercado brasileiro também temos exemplos de fintechs bem-sucedidas que estão ampliando suas atividades, como a Cloudwalk, revolucionando as máquinas de cartão de crédito e disseminando o uso de moedas virtuais, e a Magnetis, que oferece serviços de consultoria financeira para que seus clientes façam planos de investimentos mais assertivos a partir do processamento de informações para atender as demandas e perfil de cada indivíduo. Outra startup que está crescendo vertiginosamente é a Nubank, que oferece um cartão de crédito sem anuidade controlado pelo celular e já tem uma fila de espera com 300 mil interessados.

A tecnologia no setor financeiro instaurou uma revolução no mercado, mudando o padrão de relacionamento dos consumidores com esse tipo de serviço. Estamos vivendo uma evolução do sistema financeiro que não pode ser ignorada pelas instituições tradicionais – elas, na verdade, precisam participar desta tendência de inovação. As fintechs estão tornando o mercado mais dinâmico e interativo, beneficiam o consumidor e aumentam a competitividade do setor, o que a longo prazo trará redução nos custos e melhora dos serviços oferecidos.

Autor Convidado:
Todd Barrett é Cônsul Comercial de Ontário no Brasil