5 Dicas para conseguir investimento internacional para sua startup early stage.

A nossa empresa, a Credit Dream é formada por empreendedores brasileiros, que administram a empresa do Brasil, mas que têm investidores estrangeiros e abriu a empresa nos EUA. Ao longo desses quase dois anos empreendendo dessa forma, observamos alguns padrões nas empresas que conseguem captar recursos de investidores internacionais. Espero que essas dicas possam ajudar empreendedores brasileiros a pensarem global e ganharem o mundo

1 – Perfil de fundadores que os investidores acham interessante. 

Esse é um primeiro filtro que os investidores aplicam ao avaliar as oportunidades. Mas não desanime se sua startup não se enquadra em um ou mais dos pontos abaixo, pois sempre pode haver exceções.

– Empreendedores de 2a ou 3a viagem, preferencialmente com uma saida de sucesso.
– Trabalharam em grandes empresas ou estudaram em boas universidades.
– Equipe com perfil complementar.
– Falar Inglês fluente é fundamental.

2- Venda primeiro o sonho, depois a tração.

Essa é uma dica bem diferente do que estamos acostumados no Brasil. Aqui existem poucos investidores early stage, então os tomadores de decisão estão viciados a só analisarem oportunidades de investimento como se analisa um plano de negócios: Mercado, produto e tração. Números, números, números.
Os investidores internacionais, particularmente no Vale do Silício, sabem que os maiores retornos vêm ao investir mais cedo nas startups. E as startups early stage ainda estão em um processo de busca e validação.

Então, como empreendedores temos que vender mais o sonho que queremos construir e o potencial da equipe, do que o negócio que já temos. Algumas perguntas-chave que você tem que responder são:
– Qual o problema que você quer resolver?
– Porque os empreendedores são apaixonados pelo problema em questão?
– Como o mundo vai ser quando sua startup estiver bombando?
Em outras palavras, conquiste primeiro o coração deles, depois conquiste o cérebro.

3- Fuja dos programas de turismo no Vale do Silício.

Não perca seu tempo e dinheiro participando de programas de turismo no Vale do Silício ou em qualquer outra cidade. No final você só vai visitar grandes empresas e tirar fotos na frente de pontos turísticos, mas não vai desenvolver nenhum relacionamento naqueles lugares nem vai ter a oportunidade de apresentar sua idéia para tomadores de decisão.
Economize seu tempo e seu dinheiro. Foque nas grandes aceleradoras que pagam para você ir empreender em outras cidades, ou então em alguns programas específicos. Posso falar dos programas abaixo pois participamos deles em primeira mão:

Alguns programas que realmente valem a pena:

– Menorca Millenials: O que acha de passar duas semanas numa ilha paradisíaca no mediterrâneo só validando sua idéia e conversando com empreendedores e investidores? Essa é a proposta do Menorca Millenials, um programa que acontece na ilha de Menorca e junta 20 equipes do mundo todo, que podem pagar pelo programa com Equity da empresa ou em dolares. Qualquer um pode aplicar para o programa, mas eles dão preferência paraequipes que têm um fundador de 2a viagem.

– Hacker Unit: A Hacker Unit é um programa novo que organiza turmas de startups em verticais diferentes. Já teve a de Inteligência Articificial, agora está tendo a de Blockchain (da qual somos parte) e ainda ocorrerão muitas outras. A premissa do programa é que “Talent Matters, not location”, e eles selecionam até 10 equipes por turma para conectá-los com grandes empresas e com possíveis investidores.
O melhor de tudo é que a startup só precisa pagar alguma coisa a eles se faturar com as empresas que indicaram ou se captarem dinheiro com os investidores que eles apresentaram. Mais detalhes em: http://www.hackerunit.com/startup

– Draper University: Esse é o lugar que tenho no lado esquerdo do peito pois foi o que me permitiu dar os primeiros passos como empreendedor internacional. A universidade foi criada pelo lendário investidor Tim Draper (Skype, Tesla, SpaceX) para trazer empreendedores do mundo todo para o Vale do Silício. Eles têm vários programas para vários públicos, mas o carro chefe é um programa de 7 semanas para empreendedores de 18 a 28 anos (abrem algumas exceções). Têm também um de curta duração de 2 semanas e um Mestrado de 9 meses.

Segue o video do Tim Draper explicando para o Tech Crunch porque criou a Draper University:

A Draper University permite aos estudantes construir uma rede de contato no Vale do Silício e tudo termina com uma apresentação para investidores. Na minha turma, o Tim Draper investiu pessoalmente em 10% das idéias no dia do pitch.
Caso queiram uma indicação para esses programas, basta me escrever em ed@creditdream.co .

4 – Estejam abertos a abrirem a empresa em outros países.

Os investidores têm resistência a colocar o dinheiro deles em países cuja legislação eles desconhecem. Então, estejam abertos à possibilidade de abrir a empresa em outros países, como nos EUA, Inglaterra ou na União Européia. O custo disso e as barreiras para tal podem ser surpreendentemente baixas. Nos EUA por exemplo, o custo para criar uma Delaware C-Corp no nosso caso foi exatamente USD$700 que gastamos no serviço de incorporação chamado Clerky. O mais caro pode ser a supervisão do advogado, mas isso você pode negociar para ser coberto pelo seu possível investidor.
Então, se vocês estão começando agora e despertaram o interesse de um investidor estrangeiro, fale da possibilidade de incorporarem a empresa no país de origem dele. Isso vai facilitar muito para ele e aumentar suas chances.

5- It´s all about who knows you.

Essa dica é parte da cultura do Vale do Silício, mas também vale para o resto do mundo. Pessoas importantes têm um tempo muito limitado. Elas só vão prestar atenção no que você disser se você for endossado por alguém que elas conhecem e confiam.
Sendo assim, trabalhe em construir relacionamentos de longo prazo. Tente agregar valor ao ajudar pessoas do ecosistema sem pedir nada em troca, pois você vai acumular um bom Karma e pode cobrar uns favores no futuro no sentido de lhe apresentar a uma pessoa em comum.

Sobre o autor: Edmilson Rodrigues é CEO e co-fundador do Credit Dream (www.creditdream.co), startup early stage que conta com investimento da Draper Associates, Lanzame Capital e Investar Financial.