Ao participarem do painel sobre análise e concessão de crédito durante o congresso Fintech View nesta semana em São Paulo, os representantes da Geru, da Lendico e da Creditas afirmaram que a falta de informações positivas sobre a situação dos consumidores levou o chamado ‘Social Score’ a ter, no Brasil, um papel mais relevante do que em qualquer outro país do mundo.
O assunto foi levantado por Sandro Reiss, da Geru. De acordo com ele, as informações que as pessoas oferecem em suas redes sociais sobre seus costumes, formas de consumo e relação com o dinheiro estão ganhando mais relevância por exemplo, para fornecer dados de segurança contra a fraude.
Marcelo Ciampolini, da Lendico, confirma esta visão exemplificando que, se uma pessoa se cadastra com um endereço de perfil no Facebook e este perfil tem mais de um ano com mais de 300 amigos, dificilmente esta pessoa tem a intenção de fraudar. “Agora se este perfil foi aberto há uma semana, com nome diferente e outros detalhes, a chance de ser um fraudador é maior”, disse. Segundo ele, o brasileiro tem uma característica muito grande de superestimar sua condição financeira. “Na média das solicitações que recebemos, 40% das pessoas majoram suas rendas em 40% acima da realidade”, diz.
Para Sérgio Furio, da Creditas, as redes sociais ajudam a completar o quadro de informações até mesmo para operações como as da Creditas, nas quais o empréstimo é feito com garantias como as de imóveis. “Se detectamos que o solicitante é um empresário e sua esposa também é, ou foi empresária, temos informações sobre um fator que pode afetar a questão da posse de um imóvel, por exemplo”, declarou.
Ao final da discussão sobre a importância do uso do Social Score, os debatedores retornaram à discussão sobre os prejuízos ao país causado pela falta do chamado Cadastro Positivo. “Esta ferramenta mudaria o cenário do crédito no Brasil da água para o vinho”, afirmou Reiss.
O moderador do painel, Dorival Dourado, da Centria, encerrou o debate citando estudos que tratam desta questão. “Com o Cadastro Positivo o Brasil teria facilmente uma relação de 60% na relação PIB/Crédito e ainda haveria espaço para crescer muito mais se considerarmos que esta relação é de 100% em países desenvolvidos”, disse.