A 8ª edição do Radar Fintechlab foi apresentada ontem (11) na abertura do CIAB FEBRABAN 2019 e revelou que o volume de fintechs e iniciativas de eficiência financeira em atuação no Brasil saltou de 453 empresas em agosto de 2018 para 604 no início de junho deste ano. A evolução representa um crescimento de 33% que significa uma ampliação de dez pontos percentuais na velocidade de crescimento em relação aos números registrados na versão anterior. Na ocasião o aumento do número de iniciativas também considerando os dois conceitos e ao longo do mesmo intervalo de dez meses havia sido de 23%, partindo de 369 em 2017 e chegando no montante encontrado em agosto do ano passado.
O trabalho considera como fintechs as empresas ou iniciativas que trazem novas abordagens e modelos de negócios em serviços financeiros e são escaláveis principalmente através de tecnologia. Já as iniciativas classificadas como de eficiência financeira são organizações que atuam por meio de bureaus de informações, soluções de prevenção à fraude, biometria, blockchain, analytics, além de outras tecnologias e serviços que apoiam e trazem maior agilidade e praticidade ao mercado financeiro
O cofundador do Fintechlab, Fábio Gonsalez, explica que este forte movimento de alta é reflexo de um ambiente altamente positivo gerado por notícias favoráveis vindas de todas as direções.
“As autoridades reguladoras estão se mostrando muito propensas a avançar em normas e procedimentos que garantam maior segurança jurídica e estimule a competição no sistema financeiro. Os investidores, por sua vez, identificam a capacidade das fintechs em explorar as ineficiências do sistema financeiro e, com isso, entregar lucratividade com uma margem de risco saudável. Enquanto isso, a evolução tecnológica coloca à disposição dos empreendedores ferramentas cada vez mais poderosas e com acesso cada vez mais fácil para o desenvolvimento de seus modelos de negócios”, diz.
O também cofundador do Fintechlab, Marcelo Bradaschia, ressalta ainda outro aspecto que colabora para a formação de uma ‘Tempestade Perfeita’ que impulsiona o crescimento das fintechs. Segundo ele, o próprio consumidor, usuário dos serviços oferecidos pelas iniciativas de tecnologia financeira já começa a se sentir mais seguro em trabalhar com essas marcas novas e isto fortalece a posição das fintechs na concorrência com as instituições tradicionais.
“Percorrido estes primeiros anos de atuação, com a proliferação de casos de sucesso inclusive de impacto internacional, o consumidor começa a perder o receio da inovação e a perspectiva é de que ele passe a experimentar as ofertas disruptivas cada vez com maior apetite a partir dos próximos anos”, diz.
A análise individual sobre o desempenho das diversas modalidades mostra que o setor de pagamentos manteve sua posição como principal motor do crescimento do ecossistema fintech brasileiro. O segmento reunia 106 empresas e passou a contar com 151 indicando um aumento de 43% em quantidade de representantes. Com este desempenho, o setor saltou dos 26% que possuía no ano passado em termos de participação no total de fintechs brasileiras para 29% na edição atual.
O bloco de iniciativas dedicadas a conceder empréstimos apresentava 70 logomarcas e saltou para 95, revelando uma expansão de 36%. Com este incremento as fornecedoras deste tipo de serviço chegaram à marca de 18% do total de fintechs do país.
As fintechs de investimento por sua vez obtiveram o maior crescimento percentual entre todas as categorias na edição 2019 do Radar Fintechlab. Com a inclusão de 19 novas marcas o segmento passou das 24 fintechs em 2018 para 38 na edição atual e cravou uma evolução de 59% no período
Praticamente no mesmo ritmo de evolução aparecem os bancos digitais que passaram de 8 em 2018 para 12 agora, crescendo 50%.
O Radar Fintechlab também detectou o desaparecimento de 47 iniciativas que estavam presentes na edição anterior. O montante representa pouco mais de 10% do total e apesar de ser considerado baixo pelos especialistas, já sinaliza com um crescimento significativo em relação ao registrado em 2018.
Na ocasião, das 369 fintechs detectadas em 2017, 23 delas revelavam indícios de interrupção no funcionamento um ano depois. Esta relação demonstra um ritmo de desistência próximo a 6%.
Marcelo Bradaschia comenta que a ocorrência de mudanças de planos neste segmento é totalmente normal uma vez que faz parte do DNA inovador destas empresas a realização de testes, aprendizados e ajustes. “Em todos os segmentos do mundo corporativo é natural que aconteçam sucessos e insucessos. Com as fintechs não seria diferente”, diz.
São incluídas no Radar Fintechlab iniciativas de origem nacional ou internacionais que operem no país. Elas precisam estar operacionais e ter clientes no Brasil. Outro critério é a necessidade de trazer novos modelos de negócio, relacionamento ou tecnologia para atender às necessidades dos serviços financeiros.