No dia 1º de abril de 2023 a tarifa de intercâmbio (TIC) referente às transações com cartões de débito passarão a ter 0,5% como limite máximo. A medida, anunciada ontem (26) pelo Banco Central através da Resolução BCB nº 246, significa uma redução de aproximadamente 50% no faturamento das fintechs com este tipo de operação, uma vez que atualmente elas trabalham com índices que variam entre 1,1% e 1,5%. Até que isso ocorra, os especialistas acreditam que a tendência seja de uma migração de foco dos negócios destas startups, que então passarão a ter como principal fonte de receita a concessão de crédito ao invés do modelo atual que privilegia os pagamentos.
É o que acredita o diretor associado da boutique de consultoria para o mercado financeiro e de pagamentos Xsfera, Renato Aragon. De acordo com ele, antes mesmo da ameaça trazida pela consulta pública que culminou com essa mudança anunciada pelo BC, muitos projetos já haviam começado a buscar alternativas. Afinal, a disseminação do Pix e seus derivados (Pix Cobrança, Pix Saque, Pix Troco, Pix Parcelado e outras modalidades que serão lançadas e patrocinadas pelo BC) já começou a dificultar a formação de renda através de pagamentos.
Aragon explica que a primeira opção visualizada indicava uma migração para o mercado de crédito pelas oportunidades que ele oferece, quer seja na inclusão de desbancarizados, quer seja na simplificação de processos ou até no uso intensivo de tecnologia para evolução de análises, entre outros aspectos.
“Qualquer fintech que queira desenvolver um projeto financeiramente sustentável para os próximos cinco anos, precisa ter como definição o fato de que o intercâmbio das tarifas de cartões é apenas uma das fontes de receita e não mais a única”, diz.
Com este contexto, ao perderem este volume de receitas, as fintechs que, reconhecidamente têm sido um dos fatores de maior relevância para alavancar as inovações do setor, terão que obrigatoriamente colocar o pé no freio dos gastos e encontrar alternativas para acelerar as receitas.