Com a proposta de usar a Inteligência Artificial em uma solução efetiva para combater a inadimplência e a evasão no ensino superior, a fintech brasileira Yolo Bank chega ao mercado com a estratégia de atender às necessidades tanto dos estudantes, de fazer a mensalidade caber no bolso, como das universidades, de reduzir a quantidade de devedores.
Para o desenvolvimento do projeto, a fintech esteve em contato com estudantes e universidades nos últimos meses, oferecendo palestras de educação financeira e ouvindo suas principais dificuldades. O resultado foi uma lista de espera com mais de 300 mil estudantes, diversas instituições de ensino parceiras – algumas em fase piloto – e um aplicativo capaz de prever quais estudantes correm o risco de não conseguir pagar as mensalidades.
“Usamos inteligência artificial vinculada ao Open Finance para entender o comportamento financeiro do nosso cliente em tempo real, gerando um indicador de previsibilidade de inadimplência”, explica Mauro Macedo, fundador e CEO do Yolo Bank. “Ou seja, agimos antes de o aluno se tornar devedor e entregamos às universidades um sistema de gestão de inadimplência (SaaS), que indica o desconto ideal que o aluno precisa receber para ser capaz de cumprir com o pagamento naquele mês”, acrescenta.
O desconto, que pode chegar a 20%, equilibra uma equação em que todos ganham: o estudante não se endivida, e o custo desse subsídio para as instituições de ensino ainda é bastante inferior ao de lidar com a falta de pagamento e a evasão no futuro.
Para se ter uma ideia do tamanho do problema que o Yolo Bank quer ajudar a resolver, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 6 em cada 10 estudantes no Brasil não se formam no ensino superior – a maioria por questões financeiras. Por outro lado, as instituições de ensino superior lutam para encontrar soluções capazes de resolver a taxa histórica de inadimplência, agravada ainda mais durante a pandemia.
“A realidade é que, todos os meses, muitos estudantes precisam escolher entre quitar a mensalidade ou arcar com as despesas básicas. E o acesso ao crédito estudantil ainda é limitado”, enfatiza Macedo.
Para os estudantes, o Yolo Bank oferece pagamento da mensalidade com PIX e cartão; desconto e cashback sob medida; programas de pontos e benefícios; e score de crédito para empréstimos. O CEO da startup destaca que os bancos convencionais não cobram tarifas em contas universitárias, mas também não oferecem vantagens concretas. “É um público de cerca de 9 milhões de pessoas desassistidas pelo mercado financeiro. O estudante pode passar dez anos usando uma conta sem que isso influencie o seu score financeiro”, diz. “A conta digital do Yolo Bank é vinculada ao Banco Central e ajuda o estudante a ter seu comportamento percebido pelo sistema financeiro e a ganhar visibilidade para receber ofertas de crédito”, complementa.
83% dos estudantes dizem que apoio dos bancos é ineficiente
A falta de apoio das instituições financeiras é conhecida dos universitários. Uma pesquisa contratada pelo Yolo Bank ouviu 24 mil estudantes, em 42 cidades e 6 estados brasileiros. Para 83% dos estudantes, os pacotes de benefícios educacionais oferecidos pelos bancos são ineficientes e, para 78%, a falta de apoio ou benefícios para educação pode causar dificuldades na conclusão do curso universitário.
Os alunos buscam alternativas, mas não encontram. Ainda de acordo com o levantamento, 65% deles costumam explorar novas opções bancárias como forma de facilitar o pagamento da mensalidade e 54% abriram conta nos últimos 12 meses especificamente a fim de solicitar crédito para pagar taxas educacionais.
Fundador teve crédito negado para estudar no MIT
Macedo conhece bem as dificuldades enfrentadas pelos estudantes para conseguir financiamento. Foi depois de ser aprovado para cursar um MBA no Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), e ter que desistir de sua candidatura porque não conseguiu crédito para bancar os estudos, que ele criou o Yolo Bank. “Decidi que não ficaria olhando a situação pela minha frustração. Eu sabia que outras pessoas no Brasil estavam passando pela mesma situação e comecei a pensar em uma forma de conseguir apoiá-las. E foi assim que nasceu o Yolo Bank, para apoiar os estudantes no pagamento mês a mês de uma forma simples”, conta o CEO da startup.
Os planos da fintech são de, até o final do primeiro ano operacional, em junho de 2025, ampliar o portfólio de clientes para 100 universidades e 700 mil estudantes, em todas as regiões do país. Hoje, a maior parte dos clientes é das regiões Centro Oeste, Norte e Nordeste, onde há menos oferta de serviços financeiros para esse público. “Não descartamos a possibilidade de, em algum momento, oferecer produtos de crédito para nossos clientes. No entanto, neste primeiro ano, nosso foco será o investimento em inteligência para as universidades. Além disso, estamos contando com parceiros estratégicos para concretizar esse objetivo”, finaliza Mauro Macedo, CEO do Yolo Bank.