Ao contrário de uma suposta concorrência entre as formas tradicionais de investimento e os novos ativos alternativos digitalizados por meio da tokenização, o que está ocorrendo no mercado é o avanço de uma conexão entre os dois modelos. Essa foi uma das principais constatações extraídas do painel sobre o tema realizado ontem (24) no Uqbar Day, fórum de discussão sobre inovação financeira, em São Paulo. Na ocasião, Breno Reis, sócio e Chief Sales Officer (CSO) da Hurst Capital, maior plataforma de ativos digitais alternativos da América Latina, que já originou mais de R$ 3 bilhões em investimentos, disse que inovações como royalties musicais, obras de arte e precatórios estão chamando a atenção de grandes gestoras que passaram a criar fundos próprios para oferecer este tipo de opção a seus clientes a partir de operações originadas pela fintech.
“Somos complementares e não concorrentes” disse o executivo. Segundo ele, a tokenização está vivendo um momento de amadurecimento tanto no varejo quanto do mercado institucional. “O mito sobre a necessidade de grande conhecimento a respeito de tecnologia ainda alimenta um certo receio, mas a partir do momento em que o processo é explicado, todos entendem que a tecnologia é só um veículo. Na prática, o desafio é o mesmo e está relacionado a desenvolver a inteligência de negócios necessária para identificar oportunidades com potencial de gerar alta rentabilidade ao investidor”, explica.
Reis reforça seu otimismo citando estudos como o da consultoria McKinsey que trabalha com a expectativa de que o mercado global de tokenização de ativos alcance cerca de US$ 2 trilhões até 2030 num cenário mais conservador e, numa abordagem mais otimista, possa até dobrar esta estimativa chegando a US$ 4 trilhões.
“O que está acontecendo no Brasil neste momento nos permite concordar com estas estimativas já que mesmo com a Selic em viés de alta e a renda fixa sendo bastante atraente, notamos pela movimentação do nosso dia a dia que o mercado de ativos alternativos continua em franco crescimento”, afirma.
O executivo argumenta que a grande disrupção proporcionada pela tokenização se reflete na democratização que essa tecnologia trouxe para o mercado de investimento. “Ao tokenizar um precatório estimado em valores considerados vultosos, por exemplo, a solução permite fragmentar este ativo de forma que seja possível ao investidor individual entrar neste tipo de investimento aplicando valores a partir de R$ 10 mil, o que era absolutamente impensável antes desta inovação”, diz.
Além de Breno Reis, o painel “O futuro da tokenização: Potencial e desafios para ativos digitais” contou com a participação de João Pirola, representante da Associação Brasileira de Empresas Tokenizadoras e Blockchain (ABTOKEN).