O Open Banking está transformando o cenário financeiro da América Latina e do Caribe, oferecendo oportunidades significativas para inovação e inclusão. Esse avanço é impulsionado pela crescente implementação de APIs e busca da digitalização dos serviços financeiros.
A América Latina está se destacando como líder na adoção do Open Banking, com diversos países implementando estruturas regulatórias que favorecem o uso de APIs abertas nos serviços financeiros. Segundo o Latam Fintech Hub, mais de 50% dos países latino-americanos já iniciaram a adoção de regulamentações voltadas ao Open Banking.
Durante a mesa-redonda da Fintech Americas deste ano, Lily Mendia, Head de Global Banking para a América Latina da Galileo Financial Technologies, afirmou que o modelo de Open Banking permite que instituições financeiras compartilhem dados com prestadores de serviços terceirizados, promovendo a concorrência, reduzindo custos e melhorando os serviços bancários.
“Reconhecemos que o Open Banking na América Latina enfrenta múltiplos obstáculos estruturais e regulatórios. Enquanto países como Brasil e México já possuem modelos estabelecidos, outros como Colômbia, Chile, Argentina e Peru ainda estão em fase de exploração, com graus variados de progresso. Ainda enfrentamos desafios de padronização e interoperabilidade”, explicou Lily Mendia.
Desafios: Regulação, adoção tecnológica e confiança do consumidor
Apesar dos avanços, o Open Banking enfrenta desafios importantes na região. A ausência de uma regulamentação unificada em diversos países latino-americanos continua sendo um obstáculo à expansão, gerando incertezas tanto para os bancos quanto para os consumidores.
“Os principais desafios para as instituições financeiras incluem proteger dados financeiros sensíveis, harmonizar estruturas entre os países e educar os usuários sobre os benefícios e riscos do Open Banking”, explicou Lily Mendia.
De acordo com o relatório EY Fintech Adoption Index, apenas 28% dos consumidores latino-americanos confiam plenamente nas plataformas de Open Banking, devido a preocupações com segurança e tratamento de dados pessoais.
A adoção tecnológica no setor bancário também apresenta desafios, já que muitas instituições financeiras ainda não possuem a infraestrutura necessária para integrar APIs de forma eficiente. Apesar da crescente digitalização, 40% dos bancos da região ainda estão nos estágios iniciais de implementação do Open Banking, segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Mais de 3 mil Startups na América Latina e no Caribe
O ecossistema fintech da América Latina tem passado por um crescimento expressivo. Em 2024, o número de startups fintech na região ultrapassou 3 mil, representando um crescimento de 25% em relação ao ano anterior. Esse avanço reflete o interesse e o investimento em soluções tecnológicas voltadas para as necessidades financeiras de milhões de pessoas desbancarizadas ou sub-bancarizadas.
México, Brasil e Argentina lideram em número de startups fintech. A região tem atraído investimentos significativos nos últimos cinco anos, se consolidando como um polo de inovação para o futuro dos serviços financeiros.
Na Colômbia, “a recente adoção de padrões de Open Finance está sendo bem recebida como um passo importante para impulsionar a inclusão financeira. No entanto, os benefícios potenciais vão além. O Open Banking pode impulsionar a interoperabilidade, a inovação e o desenvolvimento de produtos e serviços, inclusive transfronteiriços. Esse é o verdadeiro poder e potencial do Open Banking. Aconselhamos bancos e fintechs a se engajarem com os padrões desde cedo, mesmo antes que se tornem obrigatórios, para melhorar a colaboração e a vantagem competitiva”, explica Lily.
O Open Banking e o ecossistema fintech continuam a transformar a região, impulsionando a inovação e melhorando a inclusão econômica. Enfrentar os desafios regulatórios, tecnológicos e de confiança é crucial para construir um sistema financeiro mais acessível e seguro para todos.
“Um dos grandes desafios para os bancos é integrar APIs sem substituir os sistemas legados. Na Galileo, trabalhamos com os clientes para viabilizar uma estrutura digital que forneça a base necessária, orientada por APIs, para os serviços de Open Banking”, acrescentou ela.