Apesar de estarem batendo recordes de investimentos em fintechs e startups de tecnologia nos últimos meses, os investidores brasileiros não estão dispostos a correr riscos desnecessários ao escolherem as iniciativas nas quais irão aportar seus recursos no futuro. Neste sentido, cresce a procura por ferramentas que aperfeiçoam as análises e permitem elevar o nível de assertividade nestas escolhas, como são os casos do Background Check e Technical Due Diligence.
A Kronoos, plataforma de compliance que realiza pesquisas em mais de 2.500 fontes para conferir a idoneidade de pessoas e empresas, afirma ter detectado um crescimento de 20% na carteira de clientes e 45% no faturamento durante o primeiro trimestre deste ano por conta da maior procura por background check, principalmente nos setores de operações societárias e bancos de investimento nos últimos meses. Baseada em tecnologias de ponta para mineração de dados e crawling, o sistema consegue apontar com precisão o envolvimento de determinada empresa, seus sócios ou familiares, em casos de fraudes, corrupção, lavagem de dinheiro, terrorismo, crimes ambientais ou emprego de mão de obra escrava e infantil.
“A utilização de métodos e ferramentas tecnológicas avançadas para mitigar riscos tem auxiliado cada vez mais nas tomadas de decisões dos investidores. Se antes eles se contentavam apenas com o encantamento por uma ideia brilhante, agora o profissionalismo está imperando em todos os sentidos e as ações preventivas dificilmente são deixadas de lado”, diz.
Este aquecimento da procura também foi detectado pelo CESAR, um dos maiores centros de inovação do país. A instituição desenvolveu uma metodologia de Technical Due Diligence (TDD) que já resultou em uma parceria com o BR Angels, uma das maiores associações de investimento-anjo do país, composta por executivos seniores de grandes companhias.
Para avaliar a maturidade tecnológica das startups, o instrumento analisa aspectos ligados a seis temas que são: Arquitetura, Infraestrutura, Pessoas, Processos, Propriedade Intelectual e Roadmap. Cada um destes eixos é avaliado por vários critérios de acordo com a aderência e no final é emitido um conceito numa escala na qual a nota 1 representa pouca aderência e 5 muita aderência. O primeiro relatório já foi emitido em relação a uma fintech ligada ao setor de crédito. Além da pontuação, o documento trouxe recomendações para a startup, como por exemplo: definir estrutura em cloud com ambiente privado e público, ao invés de apenas públicos; e adotar solução de AutoScaling para garantir que a solução seja escalável e suporte o aumento de carga.
Para o diretor do CESAR Labs, Augusto Galvão, a disseminação de ferramentas como o TDD não beneficia somente aos investidores, mas também ajuda a fomentar o desenvolvimento de uma grande rede de startups consideradas maduras do ponto de vista tecnológico. “Com uma infindável variedade de caminhos a seguir, investidores e empreendedores de startups precisam se assegurar a todo tempo de estarem fazendo as melhores escolhas para não criar empecilhos inesperados nas jornadas para o crescimento”, diz.
Romulo Perini, sócio-diretor da Play Studio, consultoria de inovação e venture builder que apoia empreendedores no seu processo de crescimento, chama a atenção ainda para o fato de que os investidores também estão avaliando com muito mais cuidado aspectos relacionados com o modelo de negócios e a robustez da estratégia das startups nas quais pretendem investir.
“Para ter maior clareza sobre as reais possibilidades do crescimento de um negócio, eles estão buscando o suporte em especialistas como o time da Play para investigar aspectos como vantagem relativa da solução oferecida, complexidade do negócio, estratégia de crescimento, alavancas financeiras e outros. Cada vez mais se solidifica o consenso de que não basta ser inovador; é preciso que a inovação esteja conectada com as necessidades do usuário e que haja uma cultura forte de experimentação e aprendizado, usando a maior fortaleza das startups que é a flexibilidade”, conclui.