Globalmente, estamos vivemos um período de rápidas transformações na indústria financeira onde consumidores ávidos por mudanças na forma como serviços financeiros são prestados encontram empreendedores determinados a redefinir esse mercado. No Brasil não poderia ser diferente, várias iniciativas têm ganhado projeção internacional como o Nubank (um mix de cartão de crédito com gerenciador financeiro), o GuiaBolso (um aplicativo mobile de finanças pessoais) e o Bankfácil (uma plataforma online para empréstimos com garantia de imóveis). Engana-se, porém, quem acredita que estamos restritos aqui no Brasil apenas às Fintechs mencionadas anteriormente. Existe hoje uma gama de empreendedores dedicados a gerar soluções totalmente adaptadas à realidade local, indo muito além da criação de meras versões tropicalizadas de startups internacionais. Esses empreendedores conhecem bem as questões legais específicas do nosso país e o comportamento desse público, desenvolvendo negócios condizentes com as nossas necessidades.
No dia 09/11 foi realizado o São Paulo Fintech Summit, um evento integrante da São Paulo Tech Week organizado pela Next Bank SP, em parceria como o Cubo e a Tech Sampa. Nessa ocasião foi possível detalhar e reunir a cena fintech brasileira como ainda não havia sido feito antes. Foram explorados diversos aspectos relativos a cena local, em painéis de discussão envolvendo alguns dos principais agentes do ecossistema.
A abertura contou com Flávio Pripas (Diretor do Cubo e fundador da Bitinvest), e Alexandre Lara (Co-fundador do portal brasileiro FintechLab e da startup Kitado), falando um pouco sobre o nascente ecossistema local e as diversas iniciativas já mapeadas aqui no Brasil. Segundo exposto por Alexandre, a grande maioria está centrada em payments, mas existem boas oportunidades no segmento de APIs e Analytics/Big Data.
Em seguida, tivemos uma sessão de tendências em Digital Banking com a presença do Pedro Conrade (CEO da Controly, uma conta corrente atrelada à cartão pré-pago Mastercard gerenciada via App) e do Fernando Miranda (Diretor do Banco Original e Ex-CEO do Marginalen Bank, um banco Sueco totalmente digital). Após discutirem as principais iniciativas no setor fora do Brasil concluiram que os bancos nacionais, apesar de possuírem presença mobile, ainda têm um longo caminho a percorrer para tornarem-se verdadeiramente digitais, colocando o usuário e sua experiência no centro da discussão.
Guilherme Horn (Diretor Executivo da Accenture para o segmento de serviços financeiros) participou da sessão posterior, contando um pouco sobre sua trajetória empreendedora na Órama (Uma plataforma online de distribuição de fundos de investimento) e na Ágora (corretora digital pioneira no mercado nacional que foi vendida em 2008 para o Bradesco por US$ 500MM). Guilherme também contou como é a atuação da Accenture em ecossistemas Fintech mais maduros (como Nova Iorque, Londres e Hong Kong) onde a consultoria desenvolve o seu bem-sucedido programa de aceleração de startups, chamado Fintech Innovation Labs.
Em uma exposição sobre cases de sucesso recentes no setor, tivemos a presença do Thiago Alvarez (Co-CEO do GuiaBolso) que nos falou sobre os planos de tornar o aplicativo a mais completa solução latino americana para melhoria da saúde financeira de seus usuários. O Guiabolso conta hoje com uma base de mais de 1,7 milhão de clientes, sendo por diversas vezes um dos aplicativos mais baixados da Apple Store, bem à frente de outras soluções financeiras (incluindo até mesmo aplicativos de grandes instituições bancárias).
O Painel seguinte focou nos desafios regulatórios enfrentados pelas Fintechs, e contou com a participação de Bruno Balduccini (Sócio do escritório Pinheiro Neto, responsável pela área de serviços financeiros), Frederico Rizzo (Co-Fundador do Broota, a primeira plataforma brasileira de Equity Crowdfunding) e Jorge Vargas Neto (CEO do Biva, uma plataforma de crédito online adaptada ao ambiente regulatório brasileiro). Todos os participantes concordaram que o Brasil tem um sistema regulatório rígido e ainda muito punitivo para novas iniciativas, mas isso tem mudado a medida que os reguladores locais como a CVM e o BACEN têm buscado entender iniciativas disruptivas internacionais e estudar os seus potenciais impactos na economia brasileira.
O último painel foi sobre investimentos no segmento Fintech na América Latina e teve a presença de Manoel Lemos (sócio do fundo Redpoint eVentures) e Michael Nicklas (sócio responsável pelos investimentos latino americanos do Fundo Nova Iorquino Valor Capital). Eles argumentaram que, apesar da situação econômica do país, existem várias oportunidades interessantes por aqui. Ambos fundos acreditam no potencial de longo prazo do segmento Fintech e estão ativamente investindo em startups brasileiras.
Passado o São Paulo Fintech Summit, percebemos que estamos apenas no começo da construção de uma comunidade Fintech integrada e pulsante em uma das cidades latino americanas mais promissoras, a agitada e empreendedora São Paulo! Tenho certeza de que estamos diante de uma das maiores oportunidades de geração de novos negócios inovadores em nosso país, uma mudança que irá transformar o mercado financeiro atual.
A Next Bank SP busca fazer com que iniciativas como essa possam se estabelecer como foro recorrente de discussão sobre oportunidades e desafios do setor, promovendo interações entre os agentes do ecossistema e catalisando mais iniciativas em Fintech no Brasil. Acreditamos que o florescente ecossistema local tem todas as condições para se tornar um dos mais vibrantes e quentes da América Latina! Estamos ansiosos para ver o que virá pela frente!
Sobre o ator:
Bruno Diniz é o representante da Next Bank no Brasil e fundador da Innercore Solutions, uma empresa de advisory com foco em Fintech. Anteriormente, ocupou posições de front office nas áreas de Wealth Management e Corporate Banking em Bancos de Investimento nacionais.
Sobre o organizador:
A Next Bank SP é o capítulo brasileiro da Next Bank, uma comunidade global, independente e colaborativa focada no desenvolvimento do ecossistema Fintech. Para isso, realiza eventos e conferências nos principais polos de inovação em serviços financeiros ao redor do mundo.
Sobre os parceiros:
O Cubo é uma iniciativa sem fins lucrativos que tem como objetivo fomentar o mercado de startups no Brasil. O projeto é voltado para empreendedores, investidores, universidades, estudantes e grandes empresas. A sede do Cubo tem seis andares, cinco mil metros quadrados, espaço para coworking e workshops, e um anfiteatro para 150 pessoas.
Tech Sampa é um programa municipal de estímulo à inovação e ao desenvolvimento de startups na cidade de São Paulo. A iniciativa busca potencializar o ambiente de interação, troca e cooperação entre os diversos atores, conectando o ecossistema de startups local aos demais centros mundiais de tecnologia.
A São Paulo Tech Week é uma iniciativa da SP Negócios e da Investe São Paulo, criada com intuito de promover a cidade como hub global de inovação, atraindo talentos e investidores para uma semana de eventos de tecnologia espalhados pela cidade.
