O primeiro Relatório de Economia Bancária (REB), publicado pelo Banco Central (BC) em 12 de junho, dedica um capitulo especial à avaliação sobre o desenvolvimento do ecossistema fintech no Brasil. O documento tem como objetivo compreender as perspectivas sobre oportunidades para melhorar a qualidade na prestação de serviços e identificar riscos à estabilidade financeira do país.
Entre as conclusões apresentadas no Boxe 11, disponível a partir da página 113 da publicação, uma das principais reflexões é a que aponta as fintechs como resposta a problemas identificados nos mercados financeiros na crise financeira global de 2008.
De acordo com o boxe, o incentivo para redução dos custos explícitos e das assimetrias na prestação de serviços decorre do aumento da contestabilidade no mercado financeiro, promovendo assim maior eficiência. Em outras palavras, quanto menores forem as barreiras para entrada e saída de competidores, mais contestável um mercado é.
Pelo lado da demanda, a contestabilidade aumenta conforme mudam as preferências dos consumidores. Pelo lado da oferta, as inovações tecnológicas aumentam a concorrência no curto prazo, com a entrada de novas prestadoras de serviços financeiros no mercado, porém, como essas inovações são replicáveis, as vantagens competitivas se diluem com o tempo. “A contestabilidade aumenta no médio e longo prazo com incentivos criados por inovações regulatórias e supervisórias pois modificam barreiras à entrada de forma mais sustentável”, explica Marcelo de Aragão, assessor no Departamento de Estudos e Pesquisas do BC.
Serviços prestados de maneira digital reduzem custos marginais de operação, ou seja, o custo adicional para atender mais um cliente, e também custos de troca. A desagregação de serviços financeiros permite separar novos serviços das atividades bancárias mais tradicionais. Sendo bem-sucedidas em nichos, novas empresas capturam gradualmente ganhos de escala e, posteriormente, buscam ganhos de escopo.
O Relatório de Economia Bancária (REB), que substitui o Relatório de Economia Bancária e Crédito (REBC), publicado pelo Banco Central entre 1999 e 2015, apresenta escopo mais amplo, tratando de variadas questões relativas ao Sistema Financeiro Nacional (SFN). O novo documento busca ampliar o público-alvo, trazendo também textos voltados ao público menos especializado.