Em sua quarta edição a Conferência Blockchain, promovida anualmente pela RTM, provedora de serviços para integração do mercado financeiro, reuniu em São Paulo mais de 120 pessoas, entre gestores de TI e Telecom, autoridades e parceiros. O evento contou com a participação de especialistas na tecnologia de marcas como Bradesco, Itaú, CIP (Câmara Interbancária de Pagamentos), IBM e Wipro. Ao final, Guilherme Horn, um dos maiores empreendedores do país, mediou um debate com participação da plateia.
A iniciativa faz parte do programa de inovação aberta Conecta, que tem por objetivo criar um ambiente colaborativo para fomentar novas ideias, gerando soluções aos clientes.
Seria blockchain uma solução em busca de um problema? A indagação do especialista em inovação Guilherme Horn ao abrir o debate reforçou a tese de que o caso de uso deve ser muito bem estudado antes do blockchain ser implantado. “A questão é como colocar os principais players dentro da tecnologia e como se provar o business case”, apontou.
As aplicações de blockchain vêm evoluindo em nichos e a questão que se faz, indagou Horn, é se está sendo criada uma nova fonte de legados a cada solução. “Quando se começa a construir uma nova plataforma, ela vai se tornar um novo legado. O que vai fazer isto, sendo legado ou não, deixar de ser um problema é garantir a interoperabilidade das aplicações”, destacou Renato Lopes, do Itaú Unibanco. Na IBM, conforme contou Alberto Miyazaki, quando uma solução entra em produção, ela já se transforma em legado. “Hoje, o senso comum é criar camadas ou APIs”, disse.
A substituição de tecnologias antigas por novas deve ser vista como algo natural da evolução. Contudo, para que todo o ambiente trabalhe em harmonia, deve haver governança, conforme pontuou Gracianne de Moura Santos, da Wipro. Uma orientação é criar camadas para abstrair o que está embaixo e, assim, extrair a informação mais facilmente e substituir as tecnologias de maneira mais simples. “O ideal é desenhar uma arquitetura de forma que se possam plugar as coisas de forma natural”, George Marcel M. A. Smetana, do Bradesco.
A governança ainda é um desafio para implantação de blockchain, mas ela tem sido endereçada, principalmente, pelas ações da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), que lançou, no meio do ano, a Rede Blockchain do Sistema Financeiro Nacional (RBSFN). “Se o mercado precisar de estrutura central para interoperar as estruturas descentralizadas, teremos de estar na frente. Historicamente, os serviços da CIP passaram por autorregulação”, disse Leonardo Ribeiro, da CIP.
Para Marcel, do Bradesco, a governança depende muito do ecossistema que se vai criar e de como ele estará montado. “A governança muda se, por exemplo, é um ecossistema entre concorrentes, entre banco e seus clientes ou com os fornecedores. Se monto uma rede com meus concorrentes, a governança pode ser um problema”, defendeu.