O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou na semana passada ter contratado o primeiro Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) a ser investido no âmbito da Chamada Pública para Fundos de Crédito para MPMEs. O primeiro beneficiado foi o FIDC CashMe-Plural, desenvolvido pela CashMe, fintech do Grupo Cyrela, que é especialista em empréstimos com garantia de imóvel. A startup receberá um aporte de R$ 487 milhões do banco, por meio da subscrição de cotas.
Além deste recurso, a fintech terá ainda um investimento de R$ 138,3 milhões feito pela própria Cyrela e pela BRPP, gestora do Grupo Genial, totalizando um capital de R$ 625,3 milhões. No âmbito da iniciativa, poderão receber aportes do BNDES ainda mais nove FIDCs, somando o valor total de até R$ 4 bilhões.
Com o aporte do BNDES, o FIDC CashMe-Plural passará a disponibilizar para empreendedores financiamentos de até R$ 2 milhões de reais por meio da plataforma eletrônica da CashMe. A previsão é que o custo final para o cliente na obtenção de crédito fique em até IPCA + 1,15% ao mês, consideravelmente abaixo dos 4% ao mês, limite de custo exigido no edital da Chamada. O prazo médio das operações pode superar 4,7 anos. A projeção é de que sejam beneficiados 1.700 MPMEs e profissionais autônomos de diversos setores.
Além da modalidade de crédito citada, a CashMe, juntamente com o Instituto Cyrela e ONGs parceiras, dedicará um time para que até R$ 500 mil do valor aportado no fundo sejam destinados ao microcrédito, com o objetivo de melhorar a situação de vulnerabilidade econômica de mulheres e famílias de baixa renda. Considerando o efeito da revolvência, que consiste na concessão de novos empréstimos à medida que as parcelas dos empréstimos anteriores vão sendo pagas pelos clientes ao fundo, a expectativa é de que estes recursos beneficiem 1.000 microempreendedores, com operações de tíquete médio de R$ 1,5 mil. Como um todo, o fundo deve chegar a beneficiar 2.700 clientes.
Segundo o Diretor de Mercado de Capitais e Crédito Indireto do BNDES, Bruno Laskowsky, os FIDCs formatados pelo BNDES foram concebidos no contexto das medidas emergenciais elaboradas pelo BNDES durante a pandemia, e representaram iniciativa inovadora dotada de um papel estruturante de longo prazo na ampliação dos canais de crédito a pequenos e médios negócios brasileiros, ao complementar a oferta de crédito disponibilizada pelo sistema bancário, agregando com isso recursos na economia.
Para Paulo Gonçalves, co-fundador da CashMe, o ponto principal é logicamente, levar um crédito justo para os Micro, Pequenos e Médios Empresários. Acrescenta ainda: “O processo todo de desenvolvimento nos proporcionou trocar e aprender muito com nossos parceiros. Hoje temos a certeza de que o aporte será levado e gerido de forma segura e saudável”, conclui.