Ao conceder a autorização ao WhatsApp para realização de transferências de recursos entre seus usuários como um iniciador de transações de pagamento, utilizando-se – neste início – dos arranjos de pagamento da Visa e Mastercard, o Banco Central (BC) abre caminho para que o aplicativo, em breve, também possa incluir outras funcionalidades relacionadas a pagamentos, como a conexão com o Pix, o que pode tornar o pagamento instantâneo ainda mais popular e presente na vida dos brasileiros.
O cofundador da Xsfera, plataforma de serviços especializados de consultoria de negócios e regulatórias, focada no mercado financeiro e de pagamentos, Bruno Segatto explica que, por enquanto, poderão ser realizadas apenas transferências entre pessoas físicas. O especialista alerta que o Banco Central foi muito claro com relação à autorização restrita neste momento ao WhatsApp como iniciador de transação de pagamento. Significa, na prática, que o Facebook Pay (mais abrangente) e os arranjos de compras ainda estão em análise e, portanto, não haveria previsão de envolvimento do Messenger e Instagram.
“Desta forma, as compras em estabelecimentos usando essa ferramenta ainda não serão permitidas, mas todas essas funcionalidades serão evoluções naturais da solução.” diz.
Para que o WhatsApp possa ser utilizado na transferência de valores, a conta do aplicativo deverá estar vinculada a um banco ou uma fintech, que já ofereçam uma conta transacional ao usuário. Além disso, será necessário o cadastramento dos cartões que movimentam tais contas para que a transação seja efetivada.
Os arranjos da Visa e Mastercard, aprovados na mesma data que o WhatsApp, são quem, de fato, possibilitarão que a movimentação ocorra de forma equivalente a uma transação de pagamento por cartão de débito, crédito ou pré-pago. Futuramente, é muito provável que a aplicação também esteja conectada ao Pix, que por conceito não necessitará das bandeiras para efetivação da transação.
Para o CEO da Xsfera Fausto Ferraz, o WhatsApp tem o potencial de melhorar ainda mais a experiência do usuário com o Pix uma vez que elimina a necessidade de entrar no ambiente do banco para fazer a transação.
“A maior facilidade de uso e a inquestionável capilaridade do WhatsApp, certamente, poderão contribuir para popularizar ainda mais o Pix e fomentar a geração de novos modelos de negócios. Por isso, acredito ser importante que o BC estimule, no curto prazo, o WhatsApp a também se conectar ao Pix, uma vez que a autorização concedida já permite tal atuação”, diz.
A pesquisa Radar Febraban, divulgada no final de março, revelou que mais de um terço da população (38%) ainda não experimentou o Pix.