- Por Fausto Ferraz
Não é de hoje que o ecossistema fintech brasileiro é um dos ambientes que mais tem gerado notícias sobre a realização de negócios no país. Mas apesar desta tradição, a movimentação em termos de investimentos, fusões e aquisições destes primeiros seis meses de 2021 tem chamado a atenção quer seja pelo volume de transações ou pelos valores envolvidos, mas principalmente pelas tendências que essa movimentação revela.
Todos os estudos que levavam em consideração os primeiros quatro meses do ano apontavam para uma onda de injeção de recursos que superava todos os recordes. Mas estas avaliações ainda nem contavam com os anúncios feitos em maio e junho que fizeram os indicadores saltarem ao patamar de um verdadeiro tsunami.
Mesmo assim, aparentemente, a calmaria ainda deve estar distante já que dez entre dez especialistas cravam que esse mar permanecerá agitado durante os próximos seis meses. Sem dúvida, se trata de uma imagem agradável para quem a observa do lado de fora, no conforto da terra firme. Mas aqueles que já estão em seus barcos ou os que pretendem começar a navegar precisam escolher as melhores rotas e para isso é preciso buscar rapidamente respostas para algumas perguntas como :
Quem está comprando quem? Quem está investindo em quem? Quais estratégias estão sendo desenvolvidas com a concretização destes negócios? Como estão se movendo as marés deste oceano?
São todas elas perguntas de milhões de dólares ou de reais, mas em uma avaliação rápida é possível identificar três tipos de ondas que são:
1) Empresas tradicionais comprando fintechs.
Esta é uma onda cujo objetivo é o de acelerar a transformação digital com a incorporação das tecnologias e dos modelos de negócios inovadores das fintechs em estruturas convencionais.
2) Fintechs comprando empresas tradicionais
Neste movimento as startups financeiras buscam ampliar a abrangência de suas operações passando a se estabelecer em novos mercados.
3) Fintechs comprando Fintechs
Este é um tipo de movimentação, cuja estratégia mira o fortalecimento da atuação por meio da união de forças. Ele é caracterizado pela anexação de antigos concorrentes com a intenção de ganhar escala.
Na prática, todas essas ondas que formam o tsunami de investimentos no ecossistema fintech tem como destino os novos mares formados pelo Open Banking, ou Open Finance, como já está sendo chamado o novo ambiente regulatório da indústria financeira em desenvolvimento pelo Banco Central .
Programado para ser implantado em etapas, o sistema deve estar completamente pronto até o final de 2021. Ele tem como principal coluna de sustentação a possibilidade do compartilhamento de dados do consumidor mediante consentimento. Esse modelo trará um ambiente competitivo muito mais acirrado para o setor e é pensando em sobreviver nestas novas águas que todos estão se lançando no atual enfrentamento do tsunami de investimentos.
Navegar é preciso. E quanto antes e na direção correta, melhor!
• Fausto Ferraz é CEO da Xsfera plataforma de serviços especializados de consultoria de negócios e de soluções regulatórias, focada no mercado financeiro e de pagamentos.