(*) Por Mauro Tozzi Neto
Nos últimos tempos, conforme permitido pelas evoluções tecnológicas, cada vez mais setores da nossa sociedade têm experimentado com o poder da computação quântica. Em resumo, ela se propõe a, utilizando os princípios da mecânica quântica, resolver problemas e gerar soluções que os atuais computadores e processadores não conseguem – ou não o fazem em tempo rápido o suficiente.
No campo dos pagamentos não é diferente. Seu uso, em especial a criptografia quântica, nos oferece a possibilidade de garantir a inviolabilidade das informações. Isso é feito pela distribuição de chaves quânticas (ou QKD), que, por serem criadas através do entrelaçamento quântico, fazem com que qualquer tentativa de interferência (como uma fraude) altere o estado das partículas e, consequentemente, as partes envolvidas no processo.
Vale traçar um paralelo para podermos entender essa mudança de paradigma. Atualmente, os modelos de segurança para pagamentos eletrônicos baseiam-se em criptografia clássica, como RSA e AES. São métodos eficientes e que têm conseguido garantir a segurança das transações até aqui, é verdade, mas que enfrentam riscos cada vez maiores com o desenvolvimento da computação quântica. Dispositivos desse tipo poderão, em breve, decifrar os códigos RSA e AES, comprometendo a integridade dos dados, o que, num processo de bola de neve, resulta num aumento exponencial de fraudes e roubo de informações.
Apesar de estarmos diante de um futuro promissor, também precisamos considerar os desafios dessa transição. O primeiro deles está na implementação técnica: migrar para sistemas de criptografia quântica requer infraestrutura avançada e mudanças substanciais nos protocolos de segurança. Além disso, ainda mais considerando o cenário atual, o custo de desenvolvimento e implementação de tecnologias quânticas é alto, e exigirá investimentos significativos das empresas.
Também é preciso pensar nessa implementação sob uma ótica de ética e responsabilidade. As tecnologias quânticas nos trazem imensos benefícios, como em igual medida riscos. Empresas e desenvolvedoras serão transparentes em sua produção, garantindo que o público estará ciente do impacto dessas tecnologias? Eventuais perdas de emprego e/ou necessidades de requalificação profissional para atender a esse novo mercado serão atendidas? Todos são pontos a serem considerados.
Integrar esses princípios na transição para a computação quântica é crucial para garantir que o futuro dos pagamentos eletrônicos seja seguro e devidamente regulado. Essa abordagem não só aumenta a confiança dos consumidores, como será fundamental para sustentar a o crescimento e a inovação no comércio digital. Em um futuro em que a computação quântica será uma realidade, a segurança quântica será um pilar essencial para garantir a integridade e a privacidade das transações eletrônicas – a transição envolve tanto a eficiência dos novos algoritmos quanto sua implementação prática e ampla aceitação.
(*) Mauro Tozzi Neto é Chefe global de vendas da HST