(*) Por Francisco Pereira
A mudança cultural trazida ao mercado de trabalho pelas fintechs tem atraído um novo perfil de talentos, principalmente da Geração Z. Essas empresas estão cada vez mais captando a atenção dos jovens, tanto como colaboradores quanto como clientes. Essa tendência está profundamente conectada com os valores e expectativas dessa nova geração.
A Geração Z, composta por indivíduos nascidos entre 1997 e 2012, está ingressando no mercado de trabalho com um conjunto de valores bastante distinto de gerações anteriores. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a taxa de desemprego global para jovens em 2023 estava em torno de 14,6%, refletindo os desafios que enfrentam para se inserir no mercado laboral. No entanto, o ambiente dinâmico e inovador das fintechs tem se mostrado uma exceção atraente, proporcionando oportunidades que se alinham com suas aspirações e demandas.
Para esses jovens, o trabalho vai além de um simples emprego; eles buscam um propósito. As fintechs se destacam ao se posicionarem como agentes de mudança, focando em democratizar o acesso a serviços financeiros, promover a inclusão financeira e utilizar a tecnologia para resolver problemas sociais. Esse compromisso com um impacto positivo no mundo ressoa fortemente com a Geração Z, que valoriza empregos e marcas que se alinham com seus próprios valores e preocupações sociais. De acordo com uma pesquisa da Deloitte, 70% dos jovens da Geração Z preferem trabalhar para empresas que têm um impacto social positivo.
O que atrai os jovens como consumidores e profissionais?
A flexibilidade é outro atrativo poderoso das fintechs. Em termos de emprego, as startups financeiras oferecem horários de trabalho mais flexíveis, a possibilidade de trabalho remoto e ambientes de trabalho dinâmicos que incentivam a criatividade e a inovação. Para os clientes, essa flexibilidade se traduz em serviços financeiros acessíveis a qualquer hora e em qualquer lugar, através de aplicativos móveis e plataformas digitais, eliminando a necessidade de visitar agências físicas. Este aspecto é crucial, visto que 74% dos jovens da Geração Z priorizam a flexibilidade no trabalho, conforme dados da Gallup.
Em termos de inovação e flexibilidade, as fintechs frequentemente lançam produtos financeiros inovadores, como carteiras digitais, serviços de pagamento instantâneo e investimentos automatizados. Isso atrai consumidores que buscam opções financeiras mais modernas e flexíveis. As fintechs também têm menos barreiras de entrada para novos clientes, oferecendo contas sem taxas, processos de abertura de conta mais simples e menos requisitos burocráticos.
Além disso, a transparência é um valor central nas operações das fintechs. Elas geralmente são mais abertas sobre suas tarifas, políticas e práticas, utilizando uma comunicação clara e direta. Esse nível de transparência cria confiança, algo essencial para atrair clientes jovens que são mais céticos em relação às grandes corporações e suas práticas opacas. Um estudo da Edelman revela que 52% dos jovens da Geração Z confiam mais em novas empresas tecnológicas do que em instituições financeiras tradicionais.
A gestão menos engessada das fintechs também é um fator de atração. Estruturas organizacionais planas, onde a comunicação é direta e todos têm voz, promovem um ambiente de trabalho mais colaborativo e inovador. Jovens profissionais valorizam a oportunidade de contribuir com ideias e ver seu impacto diretamente no negócio, algo que é mais difícil em organizações tradicionais com hierarquias rígidas. Essa abordagem não apenas motiva os funcionários, mas também resulta em maior retenção de talentos, uma vantagem competitiva no mercado atual.
O ambiente das fintechs oferece um terreno fértil para os talentos da Geração Z, alinhando-se com suas expectativas de propósito, flexibilidade, transparência e participação ativa. Ao continuarem a inovar e a se adaptar às mudanças tecnológicas e regulatórias, as fintechs não apenas atraem esses jovens talentos, mas também se estabelecem como líderes na revolução do setor financeiro, moldando um futuro mais inclusivo e dinâmico.
Francisco Pereira é CEO da Trademaster