O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) solicitou que a Uber forneça esclarecimentos sobre sua operação incluindo informações sobre os motoristas que trabalham pela plataforma no Brasil. As informações solicitadas vão desde o número de motoristas ativos, o faturamento da empresa e detalhes sobre o banimento de motoristas. Sobre esse último ponto, a empresa precisa esclarecer quais trabalhadores foram desativados, os motivos específicos para cada banimento e o número total de excluídos nos últimos anos. A decisão é o mais recente capítulo de um atrito entre o aplicativo de transportes e a GigU, fintech brasileira focada em apoiar motoristas de aplicativo por meio de ferramentas colaborativas.
De acordo com a startup, embora a plataforma possa solicitar sigilo sobre esses dados, a exigência do órgão nacional marca a primeira vez que a companhia é compelida a fornecer esse tipo de esclarecimento no país. A medida surge em meio a investigação sobre possíveis práticas anticompetitivas do negócio no mercado brasileiro de transporte por aplicativos.
Recentemente, a agência de defesa da concorrência abriu um inquérito para apurar se a empresa estaria agindo com abuso de poder econômico, em desalinho com os melhores interesses de mercado e se estaria restringindo motoristas de usar ferramentas que os auxiliam a ter mais transparência quanto aos valores das chamadas oferecidas, como o GigU. A startup brasileira alega que a gigante da tecnologia teria movido ações judiciais para interromper suas funcionalidades e orientado motoristas a não utilizarem aplicativos semelhantes.
“O CADE reconheceu que essa questão ultrapassa interesses individuais. Isso reafirma nossa confiança de que o mercado pode ser mais justo e que os motoristas devem ter autonomia para escolher as corridas que querem fazer, inclusive se valendo de ferramentas como a nossa para ter mais transparência. A Uber não deve usar sua posição dominante para sufocar a inovação ou prejudicar motoristas e outras plataformas”, diz o CEO e co-fundador do GigU, Luiz Gustavo Neves.