Criado pelo Banco Central (BC) há quatro anos e utilizado por 76,4% da população brasileira, o Pix se consolidou como um dos maiores avanços no sistema financeiro brasileiro. Lançado em 2020, o sistema de pagamentos instantâneos trouxe uma revolução ao permitir transferências rápidas, seguras e sem custos. Sua adesão maciça foi acompanhada de uma transformação no comportamento de consumidores e empresas, que passaram a preferir cada vez mais essa modalidade frente aos métodos tradicionais, como TED, DOC, cheques e, em alguns casos, até mesmo o uso de cartões de crédito e débito. Esse cenário levanta uma questão importante: como os outros meios de pagamento têm reagido a essas mudanças e o que podemos esperar do futuro dos métodos tradicionais?
Renan Basso, co-fundador e diretor de negócios da MB Labs, grupo especializado em consultoria e desenvolvimento de aplicativos e plataformas digitais, afirma que é inegável o impacto que o Pix teve e continua tendo no mercado brasileiro e aponta que cada nova atualização do Pix impõe às demais modalidades a necessidade de se reinventarem. “Diante dessa revolução, os outros meios de pagamento precisam repensar sua estratégia para continuar sendo relevantes no mercado. A adaptação e inovação são essenciais para a sobrevivência de sistemas de pagamento tradicionais, como cartões de crédito e débito, boletos bancários e até soluções como os sistemas de pagamento por QR code”, destaca.
Abaixo, Renan ressalta algumas iniciativas já adotadas por instituições financeiras para otimizar os demais meios de pagamentos frente às recorrentes atualizações do Pix:
Cartões de crédito e débito – Eles ainda dominam uma parcela significativa das transações no Brasil. Segundo dados do Banco Central, 69,1% da população utiliza cartão de débito. Contudo, o Pix apresenta um desafio para as bandeiras tradicionais. E para responder a isso, essas empresas estão investindo em inovação, buscando incorporar o Pix nas suas soluções. Algumas já permitem a integração do pagamento diretamente no processo de compra, e é possível que no futuro essas ferramentas se tornem ainda mais integradas. Além disso, muitas novas opções de benefícios têm sido adotadas, muitas vezes oferecendo vantagens que combinam o uso de crédito e o sistema de pagamento instantâneo, como é o caso do sistema de cashback, por exemplo, uma tendência que tenta atrair consumidores que se utilizam de cartões, ao mesmo tempo em que competem com a simplicidade do Pix.
Boletos bancários – Embora os boletos bancários ainda sejam populares, especialmente para transações de maior valor ou compras pela internet, o Pix tende a ser uma alternativa mais rápida e eficiente. Já existem movimentos no mercado para que os boletos possam ser pagos via Pix, o que diminui um pouco a distância entre os dois meios de pagamento. Contudo, o boleto segue tendo um nicho, especialmente para pagamentos de serviços recorrentes e compromissos de médio e longo prazo, nos quais o meio de pagamento instantâneo pode não ser tão flexível, dado o valor e os prazos envolvidos.
Pagamento por QR Code – Outro campo que passou a se beneficiar do crescimento do Pix é o pagamento via QR Code. Muitos comerciantes, principalmente no varejo, passaram a adotar o Pix como forma de facilitar pagamentos instantâneos por meio desse código, o que diminui o uso de cartões físicos e garante mais agilidade no processo de compra. Não é à toa que as bandeiras de cartões também começaram a investir nesse tipo de solução, criando seus próprios sistemas.
Com isso, Renan destaca que é possível cravar que as atualizações nos demais métodos de pagamento daqui para frente serão guiadas pelas inovações trazidas pelo Pix. “Ao estabelecer novos padrões de inovação, o método de pagamento instantâneo puxa toda a cadeia junto com ele, fazendo com que os serviços financeiros fiquem cada vez mais eficientes, baratos e competitivos. Todos esses benefícios impactam diretamente o consumidor final, dando a eles ainda mais opções para escolher os métodos que melhor se encaixam em suas necessidades”, finaliza o especialista.