Avanço do compliance digital mantém crédito empresarial em alta apesar da SELIC

Desde que a taxa Selic superou a barreira dos 14% até chegar ao patamar de 14,75 %, existe a expectativa de uma redução acentuada da demanda por crédito por parte das empresas. Apesar disso, mesmo que em um ritmo menos intenso do que em outros períodos, os números revelam que o interesse das organizações por financiamento de seus projetos continuam avançando. De acordo com especialistas, um dos fatores que têm colaborado para a manutenção deste crescimento é o uso cada vez mais agressivo de ferramentas digitais de compliance para a análise de crédito. O argumento é que, ao acessar fontes não convencionais de dados por meio de inteligência artificial e outras técnicas, os financiadores conseguem ser mais assertivos tanto na tomada de decisão, quanto na escolha por políticas de juros adequadas aos solicitantes.

Um dos mais recentes indicadores que demonstram a manutenção do ritmo de crescimento do crédito empresarial é o Indicador de Demanda das Empresas por Crédito da Serasa Experian. Segundo o estudo, houve um crescimento de 0,9% na procura por crédito no total das empresas brasileiras durante o mês de abril.

De acordo com o CEO do Kronoos, Alexandre Pegoraro, a inteligência artificial utilizada pelas empresas no ato da concessão de crédito permite romper uma limitação tradicional deste mercado. O executivo explica que o modelo tradicional de análise de crédito empresarial sempre foi baseado, em grande parte, em dados contábeis declaratórios, indicadores como EBITDA, endividamento e histórico de relacionamento com instituições financeiras. No entanto, esse tipo de análise apresenta limitações quando o cenário econômico é instável ou quando o tomador é uma empresa de pequeno ou médio porte sem histórico robusto. O Kronoos é uma plataforma SaaS para compliance que realiza pesquisas em milhares de fontes para conferir a idoneidade de pessoas e empresas

“Com o uso de machine learning, é possível integrar dados estruturados (balanços, impostos, extratos bancários) com dados alternativos, como reputação digital, histórico de pagamentos com fornecedores, movimentações logísticas e até interações em redes sociais. Logo, a análise deixa de ser puramente documental e passa a refletir a realidade operacional do negócio em tempo real”, diz.

Pegoraro informa que durante o primeiro semestre houve um aumento de XXX % nas soluções do Kronoos que realizam buscas por estes dados não convencionais e que entre os mais procuradas com a aplicação de IA no crédito empresarial são:

  • Dados de faturamento em tempo real via integração com ERPs e sistemas de emissão de notas fiscais;
  • Comportamento de consumo de energia, telefonia e logística, que indicam variações de atividade;
  • Reputação digital da empresa (avaliações, reclamações, visibilidade de marca);
  • Padrão de relacionamento com fornecedores e clientes via registros públicos e boletos pagos;
  • Histórico de atuação dos sócios em outras empresas (CNPJ, envolvimento em falências, execuções fiscais);
  • Análise semântica de contratos e cláusulas via processamento de linguagem natural (NLP).

Mas apesar de toda essa potencialidade, o executivo alerta para o fato de que o diferencial não está somente na quantidade de dados analisados, mas também na capacidade dos algoritmos de interpretar contextos, estabelecer correlações relevantes e aprender com as variações comportamentais. “A inteligência artificial não substitui o juízo humano, mas potencializa sua capacidade de decisão com profundidade analítica, velocidade e consistência. Esse diferencial é decisivo para preservar margens, expandir operações e manter o controle de riscos em escala”, conclui.