A Hurst, fintech especializada em investimentos em ativos alternativos, acaba de lançar a plataforma Reestrutura Fácil, que possibilita a pessoas físicas investirem recursos em pequenas e médias empresas que precisem de liquidez para atravessar a crise em processos de recuperação extra ou judicial de reestruturação de dívidas.
“Estamos confiantes de que essa será a maneira de darmos uma contribuição para o Brasil se recuperar: levar oportunidade para as pessoas físicas investirem em ativos distressed como os grandes fundos fazem. Esse tipo de financiamento é pouco conhecido e às vezes sofre com tabus, mas, se realizado da maneira correta, os investidores podem gozar de estruturas de garantias mais sólidas e preferências de recebimento, tudo às claras e chancelado pelo Poder Judiciário”, afirma a Head of Legal & Compliance da Hurst, Melina Fernandes, advogada com mais de 10 anos de experiência na área de reestruturação e recuperação de empresas.
Para o investidor, o valor mínimo é de R$ 10 mil e o máximo de R$ 5 milhões. Os empréstimos são do tipo extraconcursal – que têm preferência de pagamento na recuperação judicial. Além disso, são solicitados ativos como garantia. “Os juros cobrados pelo empréstimo não são abusivos, embora a maior parte dessas empresas já esteja trabalhando com juros mais altos por não conseguirem obter recursos no mercado financeiro”, explica.
A plataforma é limitada a dez empresas e, até o momento, oito vagas foram preenchidas. Segundo Melina, os empresários candidatos a participarem do projeto passam por um curso de 8h, onde são discutidos os princípios básicos de insolvência e recuperação judicial. “O empresário ter comprometimento com o processo de recuperação judicial por si só já mitiga o risco de crédito”, explica. Além disso, os executivos da Hurst acompanham todo o processo de reestruturação da empresa, fornecendo consultoria no período.
O período de captação de cada candidata na plataforma será de 15 dias para que as empresas não compitam entre si pelos recursos. A seleção também leva em consideração que cada uma pertença a setores econômicos diferentes. “Acreditamos que 15 dias sejam suficientes para que cada investidor faça seu diagnóstico. Eles conhecerão a história da empresa, o que a levou à situação de insolvência e todos os dados importantes. Não está descartado no futuro a criação de um fundo deste tipo que reúna diversas empresas. Agora a ideia é aproximar a pessoa física da jurídica. Cada investidor tem um conhecimento diferente de cada setor e suas preferências e vai colocar o recurso porque acredita no negócio”, resume Melina.
Ela afirma que é esperada uma grande onda de reestruturação das empresas brasileiras. De acordo com o Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações Judiciais, um grupo de mais de 2.500 empresas recorreram ao instituto da recuperação judicial para evitar a falência nos últimos dois anos. Com a Covid-19, o número esperado daqui para frente é muito maior. A maioria dos pedidos judiciais de reorganização econômica, administrativa e financeira são apresentados por micro e pequenas empresas, mas um considerável número de médias e grandes corporações também buscam se reerguer.