Seis modelos de receita para explorar o potencial do Pix e do Open Banking

Por Marcelo Nicolau

A popularidade alcançada pelo Pix após seu lançamento, em novembro de 2020, mostra que os pagamentos instantâneos caíram no gosto do brasileiro. Segundo o Banco Central, mais de 140 milhões de usuários já se cadastraram no novo sistema de pagamento – sendo cerca de 125 milhões pessoas físicas – e quase 150 milhões de operações foram realizadas até dezembro.

Para este ano, o BC tem programada a inclusão de novas funcionalidades que tornarão a ferramenta ainda mais relevante nas transações comerciais. Além disso, 2021 também marcará a chegada do Open Banking, que promete ser uma revolução na indústria financeira pela liberdade de escolha que oferecerá aos consumidores.  

Diante deste cenário, é indispensável que os empreendedores levem em consideração alguns fatores no momento de desenvolver suas estratégias de negócios, principalmente no que se refere ao modelo de receita escolhido.

A aceleração recente dos processos de inovação consagrou seis modelos diferentes, que precisam ser avaliados para medir qual melhor se encaixa em cada operação, considerando a forma de movimentação gerada tanto no Pix como no Open Banking.  São eles:  

#1: FREEMIUM

O modelo freemium consiste na oferta de serviços básicos de forma gratuita, com a cobrança de um valor adicional (ou premium) para utilização de features adicionais.

A lógica desse modelo consiste em atrair o maior número possível de leads através da oferta de produtos ou serviços grátis, buscando converter uma parte desses usuários para a utilização de serviços pagos que irão rentabilizar todo o negócio.

Somente o mercado americano de games movimentou, em 2018, cerca de US$ 35 bilhões em add-ons de jogos. Muito desse sucesso é advindo do modelo free to play, no qual o download e a utilização dos jogos são grátis, mas muitos jogadores acabam comprando elementos adicionais dentro do jogo.

#2: RENTAL BASED

O modelo rental based consiste no pagamento pelo uso de um produto ou serviço por um determinado período de tempo. Um dos exemplos deste modelo é a Hilti, multinacional que desenvolve, fabrica e comercializa ferramentas para a indústria de construção e mineração. Ela revolucionou o mercado quando percebeu que seu usuário não precisava comprar uma ferramenta confiável, mas sim ter acesso a este equipamento no momento certo. Dessa forma, houve uma troca no modelo de receita de compra para aluguel de ferramentas, no qual a empresa se encarrega do manuseio, manutenção e estocagem de produtos para fornecer a seus clientes no momento necessário.

#3: PERSONALIZED PRICING

O modelo de personalized pricing consiste na precificação de produtos ou serviços com base nas características pessoais de cada usuário. A competitiva indústria do varejo tem sido uma das principais exploradoras desse tipo de modelo no mundo. Utilizando uma ampla base de dados vindas do histórico de compras de cada usuário online e offline, as empresas vêm buscando realizar análises preditivas de quanto cada shopper está disposto a pagar por um item,  realizando ofertas altamente direcionadas e customizadas. Em alguns programas mais avançados, é utilizada até mesmo a localização do comprador por GPS para o direcionamento de ofertas em momentos mais adequados.

#4: CROWDFUNDING

crowdfunding é uma forma de captação de recursos de um grande número de pessoas para o financiamento de uma nova empresa, produto ou projeto.

A lógica desse modelo está em atrair muitos investidores para contribuir com pequenos valores para o projeto em questão. Como moeda de troca, esse “grupo de investidores” pode receber algum tipo de reconhecimento, brinde, participação na empresa ou juros sobre o valor investido.

#5: PRECIFICAÇÃO DINÂMICA / FLEXÍVEL

Bastante usada e difundida pelos aplicativos de ridesharing como Uber, 99, Cabify, a precificação dinâmica vem sendo cada vez mais testada e utilizada por negócios digitais com alta competência na coleta, análise e cruzamento de dados. A precificação dinâmica / flexível consiste na definição de preços com base na oscilação da demanda por uma determinada oferta.

#6: AUCTION / LEILÃO

O modelo de leilão é caracterizado pela definição do preço de uma oferta pelo próprio mercado, através da disputa de lances a partir de um valor mínimo pré-definido.

Esse modelo foi amplamente popularizado pelo site de compras eBay em 1995. No Brasil, a startup Leiloar.net desenvolveu uma forma interessante para que pequenas e médias empresas possam se desfazer de seus ativos inutilizados. Através de uma plataforma de leilão online, as empresas podem disponibilizar para leilão itens desde materiais de escritório até guindastes de construção civil. Em seu primeiro ano de vida, a empresa faturou R$ 5 milhões.


Esses são alguns dos principais modelos de receita disponíveis no mercado, mas o desenvolvimento de novas tecnologias e o aumento da transformação digital certamente produzirão outros, como forma de criar vantagens competitivas adicionais em mercados cada vez mais concorridos.

A chegada do Pix e do Open Banking produzirá uma nova dinâmica na relação das empresas com seus clientes. Sairão vitoriosas as organizações que conseguirem compreender melhor e mais rapidamente a natureza destes novos instrumentos e adotar medidas para compatibilizar este novo comportamento com suas operações.

·       Marcelo Nicolau é sócio-diretor da Play Studio.