A Hurst Capital, fintech brasileira especializada em ativos alternativos, acaba de liquidar parcialmente a primeira operação de recebíveis de pequenas e médias empresas da Suíça. Aberta em meados de maio, a possibilidade de investir em uma das moedas mais fortes do mundo rendeu 74,95% anualizado em apenas 45 dias, bem acima da estimativa de lançamento, de 20% ao ano, e antes do prazo de dois meses.
“Além da rentabilidade das duplicatas no período, houve uma forte valorização do franco suíço contra o real, o que gerou esse ganho tão expressivo. Ofertamos ao mercado uma operação inovadora, de curtíssimo prazo e em moeda forte”, destaca o CEO da Hurst Capital, Arthur Farache, lembrando que, em breve, outras oportunidades serão lançadas de forma a possibilitar que os brasileiros diversifiquem seus investimentos em outras moedas sem precisar de conta no exterior. Nos últimos 5 anos, o Franco Suíço valorizou em média 7% anualmente contra o real.
A operação foi originada pela parceira da Hurst Capital Aequitex, factoring digital dedicada ao desconto de recebíveis com foco em PMEs da Suíça e de Liechtenstein. Os papéis são securitizados via Certificados de Recebíveis e ofertados publicamente nos termos da Resolução CVM 88 para investidores da Hurst.
“Apenas recebíveis cujo rating de crédito se encontre entre BBB+ e AAA serviram de lastro para os CR Internacionais. Desta forma, podemos atingir retornos atrativos, com risco relativamente baixo, dada a estabilidade do sistema de dívidas Suíço. Além disso, devido ao ticket baixo de cada recebível, há uma diversificação grande de ativos, portanto o impacto de uma eventual fatura em atraso é bastante limitado”, explica Farache. Ele observa que a inadimplência é baixa no país. A Suíça possui uma taxa de NPL (Non-Performing Loans) de 0.7%. No Brasil, a taxa é de 2.6%.
A Suíça é o 7º país mais fácil de coletar dívidas globalmente, com o Brasil em 20º lugar, segundo a Allianz. Além disso, na Suíça se recupera 2,5x mais de dívidas em default do que no Brasil, de acordo com o Banco Mundial. O custo de recuperação de crédito está entre os menores do mundo, em 4% do valor da dívida, comparado a 12% no caso do Brasil.
“Além de a incidência de calotes na Suíça ser rara, o processo de coleta de dívida é claro e eficaz caso haja alguma inadimplência. Pelo fato de a operação estar focada em ativos com rating de risco melhor do que BBB+, numa jurisdição com baixa inadimplência e sistema jurídico funcional e previsível, oferecemos uma rentabilidade atrativa com uma diversificação de moeda importante para a carteira do investidor brasileiro”, lembra Farache.
A Suíça é durante séculos considerada o porto seguro financeiro do mundo com mais de US$ 4 trilhões de ativos privados (2/3 de não-residentes) e sua moeda é uma das únicas que se valorizou em relação ao dólar norte-americano nos últimos 10 anos. Apesar disso, inúmeras Pequenas e Médias Empresas encontram dificuldade de acesso ao crédito.