Fintechs são apontadas como risco em Conferência das Cooperativas de Crédito

A palestra de Chris Skinner (foto), consultor e escritor especializado em fintechs, autor dos livros Digital Bank, Value Web e Digital Human, foi o destaque do primeiro dia de programação da 14ª edição da Conferência Mundial das Cooperativas de Crédito. O evento é promovido pelo WOCCU (Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito) e está acontecendo em Singapura.

De acordo com matéria publicada pelo Portal do Cooperativismo Financeiro, Skinner lembrou que as fintechs já nasceram com a mentalidade de colaboração. “Elas são ancoradas em tecnologia, tanto em serviços, quanto em administração de riscos. Tudo pensado individualmente, cliente a cliente. E muitas delas já estão trabalhando com esse conceito de peer to peer, que é o modelo das cooperativas há mais de 200 anos”, comparou.

Apesar disso, ele chamou a atenção para o fato de que elas podem se tornar um risco se as instituições financeiras cooperativas não se atualizarem, não investirem em tecnologia e se reinventarem, principalmente em relação ao modelo de gestão e governança.

“Tudo está mudando graças à inteligência artificial (IA), aplicativos, modelos de atendimento e ferramentas de análise para processar os dados. E isso tudo oferece uma melhor experiência aos clientes. Mas, na maior parte dos casos, essas soluções inovadoras são pensadas pelos jovens, por pessoas disruptivas, que ainda não encontram muito espaço para crescer nas cooperativas de crédito”, ressaltou.

Ele citou modelos como os aplicativos Venmo, que promove a conectividade entre quem tem dinheiro e quem não tem, e Stripe, um software criado por dois irmãos que vale mais de 9,2 bilhões de dólares. “Os modelos de negócios estão sendo transformados pela IA, blockchain e API’s (aplicações). E as cooperativas precisam entender isso e olhar para esse novo mundo, dando oportunidade aos jovens. Tudo está em mutação, mas os bancos ainda são administrados por pessoas que não são digitais, que não entendem de códigos e programação. E isso, na maioria dos casos, atrapalha”, apontou.

Ele alertou que os gestores das cooperativas de crédito precisam entender essas mudanças e “puxar” para os cargos de liderança esses jovens disruptivos. “É necessário proporcionar o acesso a essas pessoas, que vão determinar o futuro dessas empresas centenárias.”, ressaltou.

Ao analisar o assunto, o diretor do Centro Administrativo Sicredi, João Tavares, disse que a conta digital Woop, lançada pela instituição, é um exemplo de que este cenário é real “Acreditamos que, apesar do longo caminho que temos pela frente, nós já estamos avançando neste sentido”. Para ele, a palestra foi inspiradora e apresentou os desafios que as instituições cooperativas têm pela frente. “O Sicredi já deu muitos passos nesse sentido e queremos continuar avançando para prover aos nossos associados as melhores soluções, sem perder a nossa essência do bom atendimento e do relacionamento próximo”, finalizou.