Open Finance e o fim dos apps de bancos

  • Lígia Novazzi

Em um futuro mais próximo do que se imagina, nós não estaremos mais utilizando aplicativos de bancos. Isso pode parecer uma loucura, mas é uma realidade: com o avanço do open finance, a tendência é que haja a popularização de agregadores nos quais será possível comparar os serviços oferecidos pelas instituições.

Mas afinal, o que são os agregadores e por que alguém deixaria de utilizar o aplicativo de seu banco favorito?

Os agregadores são plataformas ou serviços que permitem aos usuários reunir e acessar informações financeiras de várias fontes em um único lugar, de forma centralizada e conveniente. Esses agregadores reúnem dados financeiros de diferentes instituições: bancos, cartões de crédito, investimentos e outras contas – o que oferece uma visão holística e simplificada das finanças por facilitar o planejamento financeiro.

Hoje, o Open Finance já permite que o usuário de um aplicativo de banco migre dados de outra instituição para aquela plataforma, possibilitando a comparação de produtos com muita facilidade. Em breve, ele permitirá que o usuário acesse todas as suas contas bancárias. Na prática, significa que se alguém está em busca de uma operação de crédito, por exemplo, poderá comparar taxas de juros e escolher uma instituição. Também estará disponível uma funcionalidade de investimentos na qual será possível escolher o banco que vai fazer a custódia de seus recursos, por menos. E a melhor notícia é que isso levará apenas alguns segundos.

Vale lembrar que o Open Finance faz parte da estratégia do Banco Central para democratizar o acesso ao sistema financeiro, assim como o PIX, que permitiu maior inclusão bancária. Entretanto, a agenda ainda está em fase de implementação.

Houve alguns desafios para que isso se concretizasse de vez. O primeiro deles, foi convencer os grandes bancos que eles ficariam com uma fatia menor de uma torta maior com o Open Finance, e o segundo, o nível de segurança exigido dos bancos que quisessem puxar dados de outras instituições. A tendência era os bancos grandes fazerem exigências que, na prática impediriam o acesso das instituições menores. Por isso, a solução foi criar uma padronização de segurança a partir da qual a abertura dos dados se torna obrigatória.

Um terceiro desafio foi encontrar um equilíbrio no pagamento dos custos do compartilhamento de dados. E o quarto e mais difícil foram as definições quanto à governança do Open Finance: o Banco Central não poderia ceder o controle às grandes instituições, por isso ficou acertado que a autoridade monetária atuará como mediadora de eventuais conflitos.

Agora, o Banco Central trabalha em aprimoramentos na biometria para que os agregadores tenham um grau de segurança maior do que o oferecido pelos atuais aplicativos de banco. E ainda tem pressionado os bancos para que melhorem a qualidade das informações. Afinal, para que custos e serviços possam ser comparados, é preciso que os dados sejam homogêneos.

Falta pouco para que os agregadores entrem de vez no mercado e mudem a forma como lidamos com a nossa vida financeira. Mas sem dúvidas esta é uma tendência a se consolidar de forma concreta.

Com isso, o consumidor só tem a ganhar: as instituições financeiras serão incentivadas a oferecer serviços de melhor qualidade e mais inovadores para competir de forma mais eficaz, beneficiando os usuários com uma gama mais ampla de opções. Vamos esperar para ver.

  • Lígia Novazzi, COO & Sócia da Teros