Digitalização do mercado financeiro exige fomentar confiança desde o onboarding

  • Marcelo Queiroz

Não há dúvidas que o mercado financeiro é um dos mais afetados pela grande aceleração dos processos de digitalização que chegaram aos mais diversos setores, principalmente após a pandemia do novo coronavírus. O que antes era uma tendência natural pelo avanço da tecnologia se tornou uma necessidade latente.

Com consumidores cada vez mais exigentes e um número crescente de pessoas bancarizadas, além da oferta cada vez maior de fintechs e bancos digitais, movimentos como Pix e Open Banking ganharam força e chegaram com a expectativa de mudar muito do que se via até então no mercado financeiro.

Diante deste cenário, a demanda por uma infraestrutura tecnológica capaz de suportar tais movimentos cresceu em uma velocidade considerável, principalmente quando se fala em garantir a segurança e confiança dos processos, ao mesmo tempo que se entrega uma experiência de cliente satisfatória em produtos e soluções financeiras.

Afinal de contas, em um momento em que todas as movimentações de mercado convergem para uma maior liberdade dos clientes e maior poder sobre os próprios dados bancários, fomentar a confiança nas relações entre empresas e consumidores se torna um dos desafios mais importantes do setor.

Por incrível que pareça, ainda é muito grande o número de instituições que não contam com a confiança de seus clientes, por exemplo, por não oferecerem uma experiência satisfatória e sem fricção desde o processo de onboarding digital. Consumidores não aceitam mais processos burocráticos, demorados e que não atendam suas necessidades mais específicas.

E é justamente por isso que a demanda por tecnologia está tão latente. Somente com o uso adequado de ferramentas tecnológicas e Inteligência Artificial será possível fazer análises precisas e escaláveis de dados para substituir os processos tradicionalmente aceitos no setor como os únicos capazes de oferecer segurança e evitar golpes.

Atualmente, já é perfeitamente possível oferecer a um cliente a possibilidade de abrir uma conta, emitir cartões, solicitar financiamentos e empréstimos, abrir uma carteira de investimentos e realizar transações sem que seja necessária a presença em uma agência ou o envio de vários documentos comprobatórios em todos estes serviços.

Na era da Internet das Coisas (IoT) e compartilhamento de dados (Open Data), todos geram dados e deixam rastros digitais que, por meio da tecnologia, podem auxiliar em autenticações de identidade, análises de crédito e em praticamente todos os outros processos bancários existentes. Tudo isso de maneira segura e confiável.

Pensando mais especificamente no Open Banking, está aí, inclusive, um meio interessante para que instituições entrantes possam ter agilidade e escala em suas análises de onboarding, crédito, etc. Dessa forma, fazer uma oferta de portabilidade, por exemplo, se torna muito mais viável.

Vale ressaltar que, segundo a pesquisa de tecnologia bancária 2020, realizada pela Febraban, houve um aumento de 72% em investimentos relacionados à Inteligência Artificial nas instituições financeiras do Brasil em 2019 (ano base da pesquisa). Ainda de acordo com o estudo, os investimentos feitos pelo setor bancário em tecnologia em 2019 cresceram 48% em relação ao ano anterior, e o orçamento total chegou a R$ 24,6 bilhões.

Todo este investimento faz com que as instituições sejam capazes de otimizar processos e acelerar a própria digitalização de maneira segura e confiável, oferecendo aos seus clientes soluções mais modernas, que resolvam dores importantes e que mantenham toda a tecnologia aplicada praticamente invisível aos olhos dos consumidores, preservando a melhor experiência possível.

  • Marcelo Queiroz – Head de Estratégia de Mercado na Clearsale