Tecnologia traz confiabilidade a dados de PMEs e se transforma em alavanca de crédito

  • Por Vitor Santos

Desorganização, falta de dados confiáveis e instabilidade do caixa são as principais causas do volume de concessão de crédito ser tão baixo no Brasil quando se trata de pequenas e médias empresas. Para se ter uma ideia, apesar de serem as organizações que mais precisam de suporte, elas receberam apenas 9% de todo o volume de crédito disponibilizado no segmento corporativo brasileiro em 2022. 

Boa vontade há. Segundo pesquisa realizada pela McKinsey com executivos de bancos e fintechs, 70% afirmam que crédito para PMEs estão entre suas 5 prioridades estratégicas. O problema é como conceder os recursos sem incorrer em prejuízo, basta lembrar que este ano até grandes companhias, como Americanas e Light, provocaram elevadas perdas no setor de crédito. O risco se eleva ainda mais no segmento PME que registra elevada informalidade.

Os concessores de crédito esbarram nas altas taxas de inadimplência e mortalidade destas empresas, que também registram retorno sobre investimento inferior às maiores. As fintechs vieram para revolucionar este mercado, mas o volume de concessões ainda é insipiente perto da demanda reprimida, como se pode ver pelo percentual destinado no ano passado ao setor. Já as grandes instituições financeiras olham com interesse para o segmento, mas ficam reticentes pelos motivos listados acima e pelas menores margens deste tipo de operação. 

Em um número muito significativo de casos, as empresas buscam as instituições financeiras para solicitação de crédito com apenas um pen drive contendo informações desorganizadas e declarações cujos lastros são unicamente a assinatura de um contador. Isto exige que, para serem mais assertivos em suas decisões de conceder ou não o financiamento requisitado, os bancos, fintechs e outras instituições busquem cada vez mais tecnologias emergentes para conferir a veracidade daquelas informações de forma rápida e precisa junto aos órgãos oficiais de controle destes dados.

Por isso, as soluções tecnológicas que facilitam o acesso a dados confiáveis, como o próprio Open Banking, que proporciona o acesso a informações sobre o relacionamento das empresas com outras instituições como histórico de transações, produtos utilizados e comportamento creditício, é tão aguardado. Mas, ele não resolve por si só toda a questão. Muitas vezes, a empresa não tem um histórico de relacionamento com o setor financeiro. E é por isso, que as soluções que envolvem o uso de inteligência artificial são tão importantes no momento. 

São os documentos fiscais a fonte mais confiável de informação sobre a situação de uma empresa. A análise destes dados proporciona uma visão clara e objetiva sobre a saúde fiscal, contábil, gerencial e financeira do empreendimento que está se candidatando a ser tomador de crédito ou que está solicitando aumento do seu limite mensal à Instituição Financeira. 

A tecnologia já permite que as instituições financeiras tenham acesso a todas as informações da empresa em um só lugar, com um panorama detalhado dos riscos fiscais e contábeis, até análises gerenciais e financeiras completas, permitindo uma visão imediata da situação da empresa e da sua cadeia comercial. As ferramentas também demonstram oportunidades administrativas e judiciais em todas as esferas de tributação, quantificando os valores passíveis de serem recuperados e armazena e organiza toda documentação fiscal da empresa dos últimos cinco anos. 

O mercado de crédito para PMEs apresenta uma grande oportunidade de crescimento para players do setor financeiro. Dados da McKinsey mostram que mais de 90% dos executivos acreditam no crescimento do setor. Aqueles que conseguirem se posicionar rapidamente, se adaptando às novas tendências deverão ter grande vantagem competitiva e ganhar participação de mercado.

Alocar recursos em tecnologia de ponta, que garante assertividade, rapidez e transparência sem nenhuma interferência humana pode trazer fôlego ao empreendedor que busca saúde financeira e ser o grande diferencial das instituições financeiras que querem ganhar este mercado com custos otimizados e maiores margens.

  • Vitor Santos é CEO da Revizia, startup especializada em auditoria e compliance fiscal